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Brasil e Argentina iniciam preparos para criação de moeda comum, diz jornal

Um anúncio oficial é esperado durante a visita de Lula a Buenos Aires nesta semana, segundo fontes

Brasil e a Argentina devem anunciar nesta semana que estão começando a preparar o projeto de uma moeda comum, de acordo com o jornal britânico Financial Times. O movimento pode eventualmente criar a segunda maior moeda de um bloco econômico do mundo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja no fim da tarde deste domingo (22) para Buenos Aires, na sua primeira viagem internacional desde que assumiu o novo mandato. Um anúncio oficial é esperado durante a visita do petista à Argentina, aponta o jornal.

A princípio, a agenda divulgada pelo Palácio do Planalto indica que os compromissos de Lula na Argentina devem tomar a agenda da segunda (23) e terça-feira (24). Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, devem estar na comitiva, embora a equipe ainda esteja sendo fechada.

A agenda oficial inclui reunião com o presidente Alberto Fernández, encontro com empresários, eventos culturais e, por fim, a participação na 7ª Cúpula de Chefas e Chefes de Estado da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) na terça.

A notícia ressurge após ter sido negada no começo deste mês por Haddad. O tema apareceu, inicialmente, depois de o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, exaltar o compromisso do ministro da Fazenda com a adoção de uma moeda comum no Mercosul. Dois dias depois, o petista negou que existisse qualquer proposta para criação de uma moeda única entre os países do Mercosul, como alguns interlocutores do governo haviam ventilado à imprensa.

Mas, de acordo com a reportagem dos jornalistas Michael Stott e Lucinda Elliott, com apoio de Bryan Harris, as duas maiores economias da América do Sul vão discutir o plano para uma moeda comum em Buenos Aires nesta semana e devem convidar outras nações latino-americanas para participar.

O foco inicial será em como a nova moeda, que o Brasil sugere que seja chamada de “sur”, pode impulsionar o comércio regional e reduzir a dependência no dólar, segundo fontes oficiais disseram ao Financial Times. No começo, ela pode circular em paralelo ao real e ao peso.

“Haverá uma decisão para começar a estudar os parâmetros necessários para uma moeda comum, o que inclui tudo de questões fiscais ao tamanho da economia e papel dos bancos centrais”, disse o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, ao Financial Times.

“Deverá ser um estudo dos mecanismos para a integração comercial”, acrescentou. “Eu não quero criar nenhuma expectativa falsa… é o primeiro passo de um longo caminho que a América Latina precisa trilhar.”

Inicialmente um projeto bilateral, a iniciativa deve ser oferecida a outras nações na América Latina. “É a Argentina e o Brasil convidando o resto de região”, disse o ministro argentino.

O impacto de uma moeda única no Mercosul

Uma união monetária que cubra toda a América Latina representaria cerca de 5% do PIB global, estima o noticiário britânico. A maior união monetária do mundo o euro, cobre cerca de 14% do PIB global quando medido em dólares.

O projeto provavelmente deve levar muitos anos para frutificar. Massa lembrou que a Europa levou 35 anos para criar o euro. Brasil e Argentina já discutiram um moeda comum nos últimos anos, mas as conversas barraram na oposição do Banco Central do Brasil à ideia, disse um oficial próximo às discussões. Agora que os dois países são governados por líderes de esquerda, há maior apoio político.

Por outro lado, um porta-voz do Ministério da Fazenda brasileiro disse que não tem informação sobre um grupo de trabalho sobre uma moeda comum.

O comércio está fluindo entre Brasil e Argentina, alcançando US$ 26,4 bilhões nos 11 primeiros meses do ano passado, alta de quase 21% sobre o mesmo período de 2021. As duas nações são as forças motoras por trás do Mercosul, que inclui Paraguai e Uruguai.

A atratividade de uma nova moeda comum é mais óbvia para a Argentina, onde a inflação anual está se aproximando de 100% enquanto o banco central imprime moeda para financiar gastos. Durante os três primeiros anos do presidente Alberto Fernández no cargo, a quantidade de dinheiro em circulação quadriplicou, de acordo com dados do banco central.

Haverá preocupações no Brasil sobre a ideia afetar tragar a maior economia da América Latina para a perene volatilidade do vizinho. A Argentina foi cortada dos mercados internacionais de dívida desde o default (calote técnico) de 2020 e ainda deve mais de US$ 40 bilhões ao FMI de um empréstimo emergencial de 2018.

Fonte : valorinveste

Fabio Kamoto

Especialista em Marketing Político e Digital, Publicitário, Radialista, atua desde 2006 no jornalismo político. Passou pelas pelas Rádios Progresso e Jornal AM, Sousense FM, Líder FM e Mais FM.

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